• “Adianto aos leitores de meu blog, que ele deve ser lido pausadamente, é de que não conheço a arte de ser claro para quem não deseja ser atento."

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terça-feira, 2 de setembro de 2008

AVICENA, 980 - 1037

Considerado o maior filósofo do Islamismo e também como "o Filósofo dos Árabes", é um dos principais precursores na introdução dos algarismos arábicos e da álgebra no Ocidente. Era um homem de cultura universal e especializou-se na área médica. Com 16 anos tinha estudado medicina e sua competência era notória. O príncipe Nuh ibn Mansur foi acometido por uma doença e seus médicos não conseguiram curá-lo; Avicena (que contava na época com 18 anos) foi chamado e, junto com outros médicos da corte, curou o príncipe. Esse fato trouxe-lhe a simpatia e a proteção política dos príncipes de Buhara e, ainda, o privilégio de ser colocada à sua disposição a biblioteca dos governadores Samânidas que, na época, era o santuário do saber árabe. Exerceu forte influência nos pensadores ocidentais do século XIII. Algumas de suas obras foram combatidas, principalmente, por vários escolásticos, em razão de sua interpretação pouco intelectualista de Aristóteles. Influenciado pelo neoplatonismo e pela religião islâmica, sustenta que o conhecimento depende da realidade dos objetos conhecidos e que podemos falar do ser sem recorrer às categorias aristotélicas. Critica a noção aristotélica de primeiro motor móvel, nega que a noção de substância se aplique a Deus e subordina a filosofia à fé. Leu 40 vezes a Metafísica de Aristóteles e não entendeu nada do conteúdo nem o objetivo da obra. Certo dia leu o livro de al-Farabi, Sobre o Objetivo da Metafísica de Aristóteles, e, a partir daí, compreendeu o significado dessa obra. Para Avicena, a Filosofia é a ciência da verdade. Referindo-se à questão de Deus, afirma que "não encontramos a verdade que buscamos sem conhecer a causa. A causa do ser e da permanência de cada coisa é a verdade, porque cada coisa existe necessariamente, então os seres existem". Atribui-se a Avicena cerca de duzentas obras. Redigiu várias na área da medicina muito utilizadas na Idade Média. A mais importante é o Livro de cura, enciclopédia composta de 18 volumes, abrangendo metafísica, matemática, psicologia, física, astronomia e lógica. Outras obras relevantes são: O Compêndio, onde tratou de todas as ciências exceto a matemática; O Resultado e a Produção, em 20 fascículos, sobre jurisprudência e exegese do Alcorão; A Virtude e o Pecado, sobre ética; O Sumário Médio, sobre lógica; A Origem e o Retorno, sobre a origem e o retorno da alma a Deus; Observações Gerais, sobre astronomia; Cânon de Medicina, em 5 volumes: o volume I trata dos princípios gerais da medicina; o volume II aborda a maneira de determinar a natureza dos remédios e uma lista de 760 produtos farmacêuticos; o volume III aborda a etiologia, sintomas, diagnósticos, prognósticos e o tratamento sistemático das doenças; o volume IV trata das enfermidades em geral; e o volume V é um formulário que contém prescrições para diversas doenças. O Cânon de Medicina foi traduzido para o latim no final do século XII e foi estudado nas universidades européias até o século XVII. Quanto ao caráter de Avicena, Juzjani, seu principal discípulo, nos transmitiu alguns traços marcantes. Era um muçulmano piedoso, ia à Mesquita para orar e compenetrar-se quando se encontrava em dificuldade. Por outro lado, era um homem que dormia pouco e "dotado de um acentuado apetite sexual" (palavras de Juzjani). Como o próprio Avicena teria declarado, ele preferia uma vida breve e profunda à uma vida longa e superficial.

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