• “Adianto aos leitores de meu blog, que ele deve ser lido pausadamente, é de que não conheço a arte de ser claro para quem não deseja ser atento."

  • "Se você tivesse acreditado nas minhas brincadeiras de dizer verdades, teria ouvido muitas verdades que insisto em dizer brincando... Falei, muitas vezes, como um palhaço, mas nunca desacreditei da seriedade da plateia que sorria." Charles Chaplin

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Sextus Empiricus

Sextus Empiricus ou Sexto Empírico foi um médico e filósofo grego que viveu entre os séculos II e III. Seus trabalhos filosóficos são um dos melhores exemplos do ceticismo pirrônico e fonte da maioria dos dados referentes a essa corrente filosófica, opondo-se à astrologia e outras magias. Seus escritos foram publicados em latim pela primeira vez em 1562, por Henricus Stephanus. Seus conceitos influenciaram Montaigne e Hume. Não se sabe de onde era originário, embora tenha vivido em Atenas, Alexandria e Roma. Recebeu o apelido de Empírico por suas concepções filosóficas porém, especialmente, por sua prática médica. Seus escritos, muito influenciados pelos de Pirro de Elis e Enesidemo, estão dirigidos contra a defesa dogmática da pretensão de conhecer a verdade absoluta, tanto na moral como nas ciências. Em seus Hypotyposes Pyrrhoniennes define o ceticismo da maneira seguinte: «o ceticismo é a faculdade de opor de todas as maneiras possíveis os fenômenos e os noumenos; e daí chegarmos, pelo equilíbrio das coisas e das razões opostas (isostenía), primeiro à suspensão do julgamento (epokhé) e, depois, à indiferença (ataraxia)». Defende uma posição relativista e fenomenalista a partir uma posição cética antimetafísica e empirista. Segundo ele, as coisas existem, porém só o que podemos saber e dizer delas é de que maneira nos afetam, não o que são em si mesmas. Não obstante, sua epokhé não é tão radical como a de Pirro. Defende também uma ética do sentido comum e, ainda como pirrônico, aceita a indiferença (adiaphora) com respeito a todas as soluções morais, reivindica também a importância do empírico, razão por a qual defende que a vida prática deve reger-se por quatro guias: a experiência da vida, as indicações que a natureza nos dá através dos sentidos, as necessidades do corpo e as regras das artes. Faz uma crítica do silogismo, que considera um círculo vicioso, e coloca sob suspeita a noção de signo, especialmente tal como o entendiam os estóicos. Critica a teologia estóica assinalando as contradições da noção estóica de divindade. Para os estóicos tudo quanto existe é corpóreo, portanto, assinala Sexto, também o há de ser a divindade. Porém um corpo pode ser simples ou composto. Se é composto pode decompor-se e, por tanto, é mortal. Se for simples, é um dos elementos: terra, ar, água ou fogo e, então, é inerte e inanimado. Daí se segue que a divindade, ou bem é mortal, ou bem é inanimada, o que é, em ambos casos, absurdo. Além deste argumento, Sexto Empírico atacava a noção de divindade apelando a outros raciocínios. Em todos eles reforçava a idéia cética da necessidade da epokhé ou da suspensão do julgamento. Ademais, atacou também a noção de causa. Em geral, sua obra é importante porquanto é uma das fontes do conhecimento do pensamento antigo. Concretamente, sua Adversus mathematicus aporta dados importantes para o conhecimento da história da astronomia, da gramática e da ciência antiga, assim como da teologia estóica. Outras obras a destacar são: Esboços Pirrônicos e Contra os Dogmáticos.

Nenhum comentário: