Sextus Empiricus ou Sexto Empírico foi um médico e filósofo grego que viveu entre os séculos II e III. Seus trabalhos filosóficos são um dos melhores exemplos do ceticismo pirrônico e fonte da maioria dos dados referentes a essa corrente filosófica, opondo-se à astrologia e outras magias. Seus escritos foram publicados em latim pela primeira vez em 1562, por Henricus Stephanus. Seus conceitos influenciaram Montaigne e Hume. Não se sabe de onde era originário, embora tenha vivido em Atenas, Alexandria e Roma. Recebeu o apelido de Empírico por suas concepções filosóficas porém, especialmente, por sua prática médica. Seus escritos, muito influenciados pelos de Pirro de Elis e Enesidemo, estão dirigidos contra a defesa dogmática da pretensão de conhecer a verdade absoluta, tanto na moral como nas ciências. Em seus Hypotyposes Pyrrhoniennes define o ceticismo da maneira seguinte: «o ceticismo é a faculdade de opor de todas as maneiras possíveis os fenômenos e os noumenos; e daí chegarmos, pelo equilíbrio das coisas e das razões opostas (isostenía), primeiro à suspensão do julgamento (epokhé) e, depois, à indiferença (ataraxia)». Defende uma posição relativista e fenomenalista a partir uma posição cética antimetafísica e empirista. Segundo ele, as coisas existem, porém só o que podemos saber e dizer delas é de que maneira nos afetam, não o que são em si mesmas. Não obstante, sua epokhé não é tão radical como a de Pirro. Defende também uma ética do sentido comum e, ainda como pirrônico, aceita a indiferença (adiaphora) com respeito a todas as soluções morais, reivindica também a importância do empírico, razão por a qual defende que a vida prática deve reger-se por quatro guias: a experiência da vida, as indicações que a natureza nos dá através dos sentidos, as necessidades do corpo e as regras das artes. Faz uma crítica do silogismo, que considera um círculo vicioso, e coloca sob suspeita a noção de signo, especialmente tal como o entendiam os estóicos. Critica a teologia estóica assinalando as contradições da noção estóica de divindade. Para os estóicos tudo quanto existe é corpóreo, portanto, assinala Sexto, também o há de ser a divindade. Porém um corpo pode ser simples ou composto. Se é composto pode decompor-se e, por tanto, é mortal. Se for simples, é um dos elementos: terra, ar, água ou fogo e, então, é inerte e inanimado. Daí se segue que a divindade, ou bem é mortal, ou bem é inanimada, o que é, em ambos casos, absurdo. Além deste argumento, Sexto Empírico atacava a noção de divindade apelando a outros raciocínios. Em todos eles reforçava a idéia cética da necessidade da epokhé ou da suspensão do julgamento. Ademais, atacou também a noção de causa. Em geral, sua obra é importante porquanto é uma das fontes do conhecimento do pensamento antigo. Concretamente, sua Adversus mathematicus aporta dados importantes para o conhecimento da história da astronomia, da gramática e da ciência antiga, assim como da teologia estóica. Outras obras a destacar são: Esboços Pirrônicos e Contra os Dogmáticos.
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