• “Adianto aos leitores de meu blog, que ele deve ser lido pausadamente, é de que não conheço a arte de ser claro para quem não deseja ser atento."

  • "Se você tivesse acreditado nas minhas brincadeiras de dizer verdades, teria ouvido muitas verdades que insisto em dizer brincando... Falei, muitas vezes, como um palhaço, mas nunca desacreditei da seriedade da plateia que sorria." Charles Chaplin

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Guilherme de Ocham

Guilherme de Ockham nascido no condado de Surrey, na aldeia de Ockham, a vinte milhas de Londres, pelo ano de 1280, Guilherme ingressou na ordem franciscana com pouco mais de vinte anos de idade. Realizou seus estudos universitários em Oxford, onde comentou as Sentenças de Pedro Lombardo, conseguindo o título de Baccalaureus sententiarum em 1318. Entre 1317 e 1324, escreveu a Lectura libri sententiarum, a Expositio aurea e a Expositio super physicam, como também a Ordinatio e os Quodlibetales. Em 1324, Ockham transferiu-se para o convento franciscano de Avignon, onde o papa João XXII o convocou para responder à acusação de heresia. Com efeito, o ex-chanceler da Universidade de Oxford redigira longa lista de pontos extraídos dos escritos de Ockham, considerados suspeitos de heresia. Depois de três anos de estudo, a comissão nomeada pelo papa para examinar os escritos condenou sete pontos como heréticos, trinta e sete como falsos e quatro como temerários. Nesse período Ockham concluiu suas obras maiores, a Summa logicae e o Tractatus de sacramentis. Nesse meio tempo, sua posição se agravara ainda mais, porque na polêmica surgida no interior da ordem franciscana, sobre o problema da pobreza, Guilherme se alinhara com a ala intransigente, que rejeitava asperamente a orientação moderada do papa. Assim, prevendo severas sanções, em maio de 1328, Guilherme foge de Avignon e se abriga junto a Ludovico, o Bávaro, em Pisa, ao qual parece ter dito: Tu defendes-me gladio, ego defendam te calamo. Seguindo o imperador, estabeleceu-se depois em Munique da Baviera, onde morreria em 1349, vítima de epidemia de cólera. Durante esse período, no qual não escreveu mais sobre filosofia, produziu muitas obras polêmicas de tema político-religioso. Recordemos o Opus nonaginta dierum e o Compendium errorum papae Johannis XXII, onde defende um conceito rigoroso de pobreza contra a postura conciliatória do Pontífice; o Breviloquium de potestate papae e o Dialogus (originalmente em três partes, mas que chegou até nós incompleto), onde fala da possibilidade de depor o Papa no caso de ele tornar-se herético e das relações entre o Papa, o Concílio e o Imperador. Além disso, também o Tractatus de jurisdictione in causis matrimonialibus e o De imperatorum et pontificum potestate. Doutrinas:
A figura que mais do que qualquer outra representa as múltiplas instâncias com que se encerra a Idade Média e se abre o século XIV é o franciscano Guilherme de Ockham. Conhecido como "o príncipe dos nominalistas", no passado ele era lembrado o mais das vezes como teórico de vãs sutilezas, privadas de qualquer contato com a realidade. Logo, porém, sua originalidade emergiu novamente nas várias vertentes do saber lógico, científico, filosófico e teológico. Além de suas contribuições lógicas, também se destacam suas teorias físicas e, sobretudo, a concepção do conhecimento físico de natureza especificamente empírica, bem como a separação entre a filosofia e a teologia; no campo político-religioso, a autonomia do aspecto temporal em relação ao espiritual, com suas conseqüências políticas e institucionais. O espírito "laico", mas não "laicista", se inicia com ele, porque, com sua doutrina e sua vida, ele encarna a incipiente afirmação dos ideais de dignidade de cada homem, do poder criador do indivíduo e da cultura em expansão, livre de censuras, idéias que a nova época do Renascimento desenvolverá. Se opõe a Tomás de Aquino basicamente com teses: 1a. Ockham defende a autonomia da fé e da razão o que o leva a difundir a teoria da dupla verdade; Tomás sustenta que fé e razão se conciliam, embora sejam campos distintos de conhecimento; 2a. Ockham afirma que o conhecimento é individual; Tomás sustenta que é dos universais; 3a. Ockham estabelece uma sucessiva subdivisões do conhecimento; Tomás o divide em abstrato-universal e concreto-singular; 4a.Ockham afirma que os universais são nomes; Tomás diz que os universais são conceitos abstratos e que expressam a essência das coisas conhecidas; 5a. Ockham sustenta que os entes não se devem multiplicar se não for necessário, critica os conceitos de substância, acidente, causa e efeito; Tomás admite a distinção e multiplicidade de entes; 6a. Ockham propõe uma nova lógia; Tomás afirma a primazia da lógica aristotélica; 7a. Ockham critica as provas a posteriori da existência de Deus e propõe a prova da existência de Deus baseada sobre causas conservantes; Tomás expõe e desenvolve as provas da existência de Deus a partir de argumento e demonstração a posteriori; 8a.Ockham afirma que só a credo por um lado e intelligo por outro lado, sem possibilidade de síntese e concílio; Tomás insiste na conciliação de fé e razão, já que o conteúdo da fé revelada não é alheia, embora transcenda, a à razão humana; 9a. Ockham inspira o individualismo político e a falibilidade papal; Tomás sustenta o princípio do bem comum como norteador da vida política, respeitando as difernças individuais, além do poder do sumo pontífice; 10a. Ockham não crê necessário buscar um princípio de individuação para os seres, já que todos são individuais; Tomás admite um princípio de individuação para as substâncias, porque distingue nas substâncias natureza e suposto.

Nenhum comentário: