• “Adianto aos leitores de meu blog, que ele deve ser lido pausadamente, é de que não conheço a arte de ser claro para quem não deseja ser atento."

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terça-feira, 2 de setembro de 2008

A Piração na Filosofia

Diz quem sabe que Kant(1724 - 1804) era tão pontual, fazia tudo tão à mesmíssima hora, que os seus contemporâneos acertavam por ele os relógios. Nietzsche(1844 - 1900) era suficientemente atrevidote para achar que as perturbações do Mundo tinham origem no facto de haver cristãos a mais e selvagens a menos.Os deuses encarregar-se-iam do fim do filósofo que lhes vaticinara a morte -- e Nietzsche morreu numa clínica psiquiátrica alemã. Mesmo entre os filósofos que não (a)parecem tão "anormais" há os que desenvolvem ideias que não lembrariam nem ao diabo... pelo menos até lembrarem a alguém! É o caso do filósofo espanhol Julián Marías, que faz filosofia em torno do conceito de... chupar!;-) Este verbete demonstra: Analisando a hierarquia dos sentidos, podemos observar que "(...)o gosto ocupa o primeiro posto na fase inicial de cada biografia. A primeira interpretação humana é a que a criança estabelece ao chupar as coisas -- é, por mais que possa repugnar a uma mente racionalista, a forma embrionária da "razão" --. A criança divide a realidade em duas grandes categorias: o que se pode chupar e o que não se pode (porque está longe, porque é demasiado grande, porque queima, porque fere, porque é áspero, porque sabe mal). Se pensarmos na criança "civilizada", submetida ao cuidado imediato e constante dos seus pais ou da sociedade, que lhe injectam um sistema complexo e elaborado de interpretações e a libertam -- se é que se trata de uma libertação -- da necessidade imperiosa de as forjar, isto pode parecer secundário; mas não o é mal desçamos às formas de vida relativamente primitivas da actualidade, para já não falarmos do regresso aos incontáveis milénios da pré-história. Não esqueçamos que o "sábio" -- a palavra de maior prestígio intelectual e humano até há poucos séculos -- é o homem que entende de sabores, que sabe a que sabem as coisas e o que significa isso." (Julián Marías - Antropología Metafísica, p. 127-128. Trad. de A. Gomes). Mais dois exemplos a juntar àqueles com os quais se pretende demonstrar a ideia de que Os filósofos são um tanto imprevisíveis (todo o ser humano é, não é?). Tanto no que dizem como no que fazem. Dependerá de para onde lhes puxar a maluqueira. Descartes(1596-1650), por exemplo, decidiu um belo dia pôr tudo em dúvida. A si próprio também -- veja-se só! Se não acredita, leia o seu Discurso do Método, onde se explicam as razões e se diz expressamente: "resolvi supor que todas as coisas que até então tinham entrado no meu espírito não eram mais verdadeiras do que as ilusões dos meus sonhos". Noutra obra (Princípios da Filosofia) fica ainda mais "passado" e ousa mesmo dizer que todos deveríamos fazer o mesmo. Aqui entre nós: e se o filósofo francês tem razão?... Eu, que gosto (muito) de Nietzsche, coro quando leio algumas das suas sentenças acerca das mulheres. Disfarço tossindo e sigo... Mas há outros filósofos, por quem nutro menor simpatia, que me irritam mais. Acho que é muito pouco tudo quanto se possa escrever em louvor das mulheres -- e depois aparece-me Schopenhauer(1788-1860) a não compreender como é que algum homem pode "dar o nome de belo sexo a essa raça de tamanho menor que o normal, de ombros estreitos, ancas largas e pernas curtas chamada mulher". Quantas (e quais) mulheres terá conhecido o Sr. Schopenhauer? Se pensa como Schopenhauer, fica-lhe aqui uma penitência: leia um mini-dossier sobre Filosofia no Feminino. Se não pensa..., leia na mesma! Mas... a loucura não ataca só os filósofos. Há poetas que também não escapam. Veja, por ex., a página As mãos de Deus onde poemas de Antero de Quental, Unamuno e Manuel Alegre nos levam à questão: Deus é maneta ou canhoto?

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